Junior Moraes

O convidado de hoje é o baterista e percussionista JUNIOR MORAES.

SOMUSICA: 
Diga um pouco sobre o começo de tudo, como foram os primeiros contatos com os instrumentos...

JUNIOR MORAES: 
Tudo começou com uma grande explosão!
Hehe, brincadeira...
Aliás, tenho que tomar cuidado com as brincadeiras, pois, sendo entrevistado depois do Iuri, não vou conseguir ser tão engraçado...
Sempre ouvi muita música em casa, desde muito pequeno. Meu pai, minha mãe, meus primos, com os quais vivia em rodas de violão, tinham gostos diversos e, por sorte, muito bons.
Aos 14, eu e um grande amigo decidimos “montar uma banda”! Corri atrás, comprei minha primeira bateria, de eucatex, afinava com chave de boca, horrível, (risos) e comecei a perseguir, e depois a acompanhar, meus discos favoritos.
No ano seguinte, já tinha a minha primeira banda, com aquele meu amigo no baixo, e frequentava as aulas de bateria, percepção e teoria musical no extinto conservatório ARS Nova, em Niterói. Aos 15 já tocava na noite de São Gonçalo e Niterói com minha banda cover de Beatles e com artistas dos bares!
Mais tarde, descobri a percussão e me apaixonei de novo, não são volúvel, sou curioso. Mergulhei de cabeça, a ponto de não tocar mais bateria por anos, fui estudar com o mestre e amigo João Ayres, participei de clínicas com monstros como Luiz Conte, Wickle Garcia, Dinho Gonçalves e Bobby Sanabria.
Caí no baile, a melhor das escolas, (risos) e atuei profissionalmente por anos como percussionista, até que de uns 7 ou 8 anos pra cá, retornei às origens, me dedicando a bateria.

SM: 
Ah! Os bailes da vida... Quantas histórias...
Fala pra gente dos estilos e ritmos que você mais gosta de tocar, juntamente com as suas influências musicais.

JM:
Cara, eu gosto de tocar! Desde que a música seja boa... Mas, talvez, onde eu me sinta mais em casa, seja no Rock. Ouço de tudo, tudo mesmo, mas sou roqueiro de coração, (risos).
Minhas influências são uma miscelânea muito doida!
Como disse, ouço de tudo, então tenho épocas e momentos que um determinado artista ou disco me encanta e inspira. É claro que tenho referências eternas: Beatles, Queen, Elis, Jackson do Pandeiro... e tenho meus instrumentistas preferidos. Vários músicos fazem, realmente, minha cabeça e minha lista não para de crescer. Toda semana elejo o meu “disco dos Beatles favorito da semana”. Meu iPod vive em shuffle, (risos). Sou muito curioso e inquieto musicalmente.

SM:
É como eu digo, "Ouve-se música boa, toca-se boa música..."
E quanto a prática do endorse? Qual o peso que isso tem sobre a carreira do músico?


JM:
Acho o patrocínio saudável e importante, mas não pode ser um objetivo do músico. A música é o objetivo!
Preparei, há um tempo, um Workshop sobre marketing pessoal pra músicos e, na apresentação, eu dizia que o músico não pode mais ficar em casa, sentadão no sofá, esperando o telefone tocar. O mercado é feroz!! Temos que sobressair com nossa música e com uma postura empreendedora. Temos que ser destaques se quisermos sobreviver da arte.
A parceria com uma empresa é uma forma de reconhecimento de um bom trabalho. Hoje, você não precisa estar no Top 10 pra conseguir um endorsee. Você precisa fazer a diferença, seja na forma de tocar, em sua região, com sua posição no meio. As empresas entenderam que “representantes regionais” vendem tão quanto, ou até mais, que um músico que está na mídia.
Mas o músico tem que entender que um patrocínio requer troca, então ele tem que ter algo pra trocar, certo? Tem que ser uma peça fundamental pra atividade na sua região, ser respeitado, formador de opinião... e, acima de tudo, ético, leal e comprometido com a marca que vai carregar. Não se pode olhar para propostas e oportunidades de patrocínio como um leilão, não vale o “quem dá mais”. É como amizade, casamento; você só se relaciona com quem realmente gosta, certo?
Tenho o prazer e orgulho de contar com parceiros de longa data, como a PowerClick e a Orion, que me apóiam, incondicionalmente, em todos os projetos que estou envolvido. Através do Maurício Leite, tive um suporte muito bacana das baterias e peles RMV. Fui patrocinado pela Spanking por 4 anos, meu primeiro patrocínio oficial, e agora, realizei um sonho de ver uma idéia minha ganhar vida: a JM Cajon lançara em setembro um modelo de cajon que eu desenvolvi para bateristas. Será meu modelo de assinatura, inédito, e já conta com a aprovação do gigante Cláudio Infante, novo endorsee da JM, JM não é de Junior Moraes, e sim de José Maria, muita gente confundi, (risos), que usará meu modelo nos shows do Jorge Vercilo e da Taryn Szpilman. Aliás, conto contigo pra me ajudar a divulgar essa aventura!

SM:
Opa, temos que parar aqui novamente para realizarmos uma materia detalhando o seu cajon, que tenho certeza de que está da pesada.
Como não poderia faltar, fale-nos um pouco do seu setup, e quando digo "um pouco", quero dizer nos mínimos detalhes. (risos)

JM:
(risos) De bateria ou de percussão? Dos dois? Lá vai...
Vou começar pela percussão, assustando algumas pessoas, já que tenho lotado minha agenda com shows no circuito sertanejo universitário do Rio, tocando percussão.
Meu setup de “guerrilha” consiste, basicamente em
Timbales Raul (Bauer) de 13” e 14”;
Carrilhão, pandeirolas, Jam blocks, cowbells, shakers, afuché, claves e outros pequenos efeitos, todos da Meinl e LP;
Mini China 11” Revolution Pro, Splashs de 6” e 10” SoloPro Master e Chinas 17” e 20” Exótica, todos Orion;
SPD-S Roland Sampling Pad (maravilhoso!! Onde pus todos os meus sons de timbal, surdo e partes específicas de músicas dos artistas com quem trabalho);
HPD-15 Handsonic Roland (não sei como vivi tanto tempo sem ele!! Sem dúvida, o melhor investimento que fiz nos últimos tempos, hehe. Tá tudo lá: congas, bongô, pandeiro, djembe, moringa, derbak... Pensa num tambor que tem! E o som?? Muito bom!).
Além disso, pros trabalhos mais específicos, levo sempre um cajon JM modelo Turbinado, pandeiros de couro e nylon, mesa de percussão LP, entre outros brinquedos.

Sobre a bateria, aí complica... já que meu setup muda de acordo com o trabalho do artista.
Bateria RMV Concept (em bapeva, com aros internos de reforço)
Tons de 08”, 10” e 12”
Surdos de 14” e 16”
Bumbo de 22” x 18”
Caixas de 14” x 5,5” e 12” x 5”
Pratos Orion. Os que mais tenho usados, são:
Hihats 13” DarkBass e 15” Personalidade (antigo Bacalhau)
Rides 20” Velvet e 21” Impact, série Unique
Crash 17” Personalidade (antigo Bacalhau)
Crashs Thin 17” e 18” Revolution Pro
Crash Rock 19” Strondo
Splashs 6”, 8” e 10” SoloPro Master e 10” Maistream
Chinas 17” Moon e 20” Sun, série Exótica
Hardware RMV HardTech;
Banco Gibraltar c/ encosto;
Pedal duplo (uma frustração... não sei usar pedal duplo) (risos) DW5002
O que é comum nas duas situações, bateria e percussão, são as baquetas Spanking, que variam apenas de modelo, de acordo com o trabalho e os amplificadores de fone PowerClick, modelo DB05.
Uso o SPD-S no setup de bateria também, um headset Shure wireless LX-4 e o LapTop, quando o trabalho solicita algo gravado.
Acho que é só... (risos)

SM: 
E por falar em set monstro... (risos) Com certeza me assustei rapaz!
Diga-nos um pouco sobre as bandas que você trabalha hoje.

JM:
Como comentei, tenho trabalhado muito no circuito sertanejo do Rio, o que, surpreendentemente, me fez voltar à percussão nos palcos. Fiquei anos atuando apenas como baterista e, quando pintou o convite através do gigante baterista Magno Cortes, achei que seria interessante matar a saudade.
Toquei por quase um ano com a dupla Junior e Luciano, os caras mais “roots” do sertanejo! Me diverti muito e espero, sempre que puder, fazer mais shows com eles.
Toco com Fabiano e Bonnato, onde me sinto muito à vontade e em casa. Afinal, é a única gig que fiz parte que tem três bateristas, eu, na percussão, o baterista oficial Sérginho Sanchez e o próprio Fabiano, baterista do Calderão do Huck, entre outros trabalhos!
Acompanhei, recentemente, em alguns shows o cantor Kadu Quintanilha. Gravei, co-produzi e dirigi o cantor Juninho Peralva.
Saindo do sertanejo, faço a direção musical e toco bateria com a cantora Raquel Keller, que está gravando seu 2° trabalho, este pela Coqueiro Verde. Integro a banda Calçadão Carioca, que toca música pra dançar, com a cara do Rio. Faço parte da Kol Lev Band, banda que canta tradicionais rezas judaicas, em hebraico, em arranjos modernos.
Acabei de aceitar o convite, do cantor e guitarrista Robson Farah, de fazer a direção técnica da turnê do seu 2° disco, “Andar nas Nuvens”, que foi gravado e co-produzido, em parte, no meu estúdio e comandar as baquetas.
Por último, mas não menos importante, minha banda, a 6dB, se mantém viva! Por conta dos compromissos pessoais da galera, está cada vez mais difícil tocar, então, abraçamos o trabalho autoral e começamos a gravar nosso material.


SM: 
Ufa! Muita gente... e todos maravilhosos. 
Na sua opinião, qual alternativas as gravadoras e os artistas podem adotar para a comercialização de suas músicas, tendo em vista a facilidade que há hoje com a propagação do "MP3 grátis" na internet?

JM:
Putz, pergunta difícil...
Eu não acredito na longevidade da mídia física, CD, DVD... ao mesmo tempo em que vemos surgir novos formatos como o Blueray. Acho que o formato digital vai ser cada vez mais consumido, mas no Brasil, falta uma política de conscientização, de cultura mesmo. Lá fora é super comum comprar MP3. Comum e barato! Algumas bandas estão se destacando, justamente, pela quantidade de arquivos vendidos, como o sucesso da Train, que já é veterana, mas só com o MP3 está no topo.
Não têm como conter o download gratuito, os shared... Temos que mostrar pro público que é honesto, barato e prático comprar música digital. Seja MP3, trilha de videogames, ringtones, o artista tem o direito de receber pelo seu trabalho.
Sei que todo mundo sabe disso tudo que falei e que uma “solução” é muito complicada, mas temos que acreditar, hehe... o que não dá é parar de fazer música!

SM: 
Apoiado companheiro, também sou da opinião de que a música deve vir acima de comercialização e vendagem.
E para finalizar... No futuro o que podemos aguardar do Junior Moraes?

JM:

Pretendo aprender mandarin, fazer um passeio na Lua e, se der tempo, dominar o mundo!
Brincadeira...
Estou muito animado com o lançamento do meu cajon! Vou me dedicar bastante na divulgação dele, com workshops em lojas, escolas... Quero fazer dele um produto conhecido e apreciado! Torço muito pela aceitação dos bateristas e percussionistas.
Cada vez mais, meu estúdio, meu e de meu brother, baixista e produtor Alessandro Matias, se firma como uma boa opção na região. A agenda do “Quarto dos Meninos!” está bonita, com novas bandas pintando, tanto pra ensaiar, quanto pra gravar e quero estar, mais e mais, dentro desse crescimento.
A agenda do Fabiano e Bonnato está bem bacana, com uma média de 14 shows por mês.
No dia 4 de setembro, fiz a abertura do workshop do Claúdio Infante, na Lapa, na Escola de Bateristas do Jorge Casagrande e em Outubro, ainda não sei a data, farei o meu workshop no mesmo local.
Vou começar os ensaios com o Jota Maranhão, autor de grandes sucessos da MPB, pra gravação de seu DVD em Dezembro e, também a convite do Jota, vou gravar algumas faixas do CD da Graci Félix, que ele está produzindo.
Ah! Quero muito finalizar o EP da 6dB!
No mais, saúde e paz...




Contatos:
Tels.:21 7814-9806
E-mail: junior.moraes@terra.com.br 


Entrevista:Leandro Borges
Fotos: Arquivos de Junior Moraes


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